domingo, 27 de dezembro de 2015

Veracidade da bíblia

 UMA BREVE INTRODUÇÃO:
A Bíblia foi escrita por aproximadamente 40 homens de diversos estilos de vida diferentes, durante um período de 1500 anos. Isaías era um profeta, Esdras era um sacerdote, Mateus um coletor de impostos, João era um pescador, Paulo era um fabricante de tendas, Moisés era um pastor. Apesar de ter sido escrita por autores diferentes durante 15 séculos, a Bíblia não se contradiz e não contém erros. Todos os autores apresentam perspectivas diferentes, mas todos proclamam o mesmo Deus único e verdadeiro, e o mesmo único caminho para salvação – Jesus Cristo (João 14:6; Atos 4:12).
# OS DOCUMENTOS DO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO:
• Antigo Testamento:
Os textos do AT foram muito bem preservados, se comparados com outros documentos antigos. Nos 800 exemplares de textos bíblicos do Antigo Testamento encontrados entre os Manuscritos do Mar Morto, foram identificados exemplares de até 250 a.C. Há um trecho veterotestamentário do século VII a.C. de Números 6:24-26, dentre as tábuas de Ketef Hinnom. A cronologia histórica encontrada nos anais dos reis de Israel e Judá é completamente verificada e confiável. A arqueologia tem demonstrado que a cultura, as pessoas e os eventos do AT são confiáveis. Nomes até poucas décadas isolados no texto bíblico, encontraram respaldo extrabíblico, como Sargão, Sambalate, Davi, Acabe, Jeú, Ezequias, Manaém e Balaão. Também já foram descobertos povos bíblicos como os heteus ou horeus, assim como lugares, como a terra de Ofir ou os lugares ao longo da rota das peregrinações no deserto pela Transjordânia. São três fontes de confiabilidade: abundância manuscrita, datação e exatidão. Grandes obras da Antiguidade sobraram em apenas um punhado de manuscritos (7 para Platão, 8 para Tucídides, 8 para Heródoto, 10 para as Guerras Gálicas, de César, e 20 para Tácito, havendo algumas centenas somente para Demóstenes e Homero). Com o Antigo Testamento é diferente: antes de 1890, um estudioso chamado Giovanni de Rossi publicou 731 manuscritos do AT - desde então foram descobertos aproximadamente dez mil manuscritos do AT, mais de 600 apenas em Qumran, encontrados em 1947. Dentre os Manuscritos do Mar Morto, com exceção de Ester, foram encontrados fragmentos e rolos (alguns completos) de todos os livros do AT, todos datando dentre Século III a..C e o Século I d.C. Podemos entender que o Antigo Testamento foi bem preservado com base nalguns pontos: 1 - os escribas judeus tinham grande reverência pelas Escrituras e sua fiel transmissão; 2 - o exame de passagens duplicadas (Sl 14 e Sl 54) mostra transmissão paralela; 3 - a Septuaginta, antiga tradução do Antigo Testamento original para o grego, está substancialmente de acordo com os manuscritos hebreus; 4 - a comparação do Pentateuco Samaritano com os livros correspondentes da tradição judaica mostra íntima similaridade; 5 - os Manuscritos do Mar Morto possuem documentos mil anos mais antigos do que muitos manuscritos anteriormente usados para estabelecer o texto hebraico.
*Site com Manuscritos do Mar Morto digitalizado:
http://dss.collections.imj.org.il/
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• Novo Testamento: O Novo Testamento estava completo já por volta do ano 100 (e a maioria dos livros já existia há 20 ou 50 anos) e as melhores cópias que dispomos são do século IV (embora existam manuscritos do século II e fragmentos até de meados do século I) - uma distância muito pequena, se comparada ao espaço de tempo que está entre a redação e a cópia mais antiga dos demais documentos da Antiguidade, cuja distância geralmente fica em 1,5 mil anos. Assim, tomando os documentos mais antigos, considerando os melhores e analisando, por exemplo, os 5,5 mil manuscritos gregos inteiros e fragmentados e os quase 13 mil manuscritos das versões, é possível verificar qual é a construção mais adequada para cada frase do texto neotestamentário. Por comparação entre os documentos, não resta dúvida sobre quase nenhuma palavra. Os mais antigos manuscritos neotestamentários conhecidos estão nessa categoria. Vejamos os principais:
- Papiro de Chester Beatty I: consiste em 30 folhas de um códice que continha os quatro evangelhos e Atos - teria, então, 220 folhas. O documento data do século III.
- Papiro de Chester Beatty II: são 86 folhas de um códice das epístolas de Paulo, contendo, originalmente, 104 folhas. Faltam as epístolas pastorais. Sua data está entre o final do século II e o início do século III.
- Papiro Chester Beatty III: consiste em 10 folhas de um códice do Apocalipse - originalmente possuía cerca de 32. É do século III.
- Papiro Rylands 457: tal papiro apresenta parte de João 8:31 a 33 e dos versículos 37 e 38. Sua forma de escrita o coloca no início do século II (cerca de 130 d.C.).
- Papiro Bodmer II: abrange todo o evangelho de João, especialmente os capítulos 1 a 14, que ocupam 104 folhas com poucas lacunas - os capítulos 15 a 21, originalmente em 46 folhas, estão muito deteriorados. Foi escrito no final do século II ou no início do século III.
- Papiros Bodmer VII e VIII: preserva o mais antigo texto de 1 e 2 Pedro e Judas, além de outros textos relevantes. Remete ao século III ou IV.
- Papiros Bodmer XIV e XV: restaram 102 folhas de um total de 144. Apresenta a maior parte de Lucas e uma boa parte de João, além de pressupor um cânon dos quatro evangelhos. É do século III.
Depois dos manuscritos gregos, as mais importantes fontes para a Crítica Textual são as antigas versões, ou seja, as primeiras traduções. As versões começaram a aparecer por volta de meados do século II. As mais antigas são a Siríaca, a Latina e a Copta. Embora os mais antigos manuscritos das versões não ultrapassem o início do século IV, ou o final do século III, elas evidenciam um estágio de desenvolvimento não posterior ao final do século II.
• Siríaca:
As primeiras traduções do grego provavelmente foram feitas para essa língua, isso já por volta do ano 150. São cinco traduções siríacas principais:
- Siríaca Sinaítica: tal tradução remonta meados do século II e se encontra em dois manuscritos dos evangelhos. O primeiro deles é do século IV.
- Siríaca Curetoniana: o outro manuscrito, também escrito no século IV.
- Siríaca Peshita: aparece em mais de 350 manuscritos, muitos remontando ao século V ou início do século VI. A tradução foi preparada no século V. Contem todo o NT, menoes 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas e Apocalipse.
- Siríaca Palestinense: a data da tradução é questionável, mas geralmente se sugere o século V. Seus documentos mais importantes datam dos séculos XI e XII, contendo os evangelhos, partes de Atos e das epístolas paulinas.
- Siríaca Filoxeniana: foi preparada nos anos de 507 e 508. Soi conhecidos dois manuscritos, contendo 2 Pedro, 2 e 3 João, Judas e Apocalipse.
- Siríaca Heracleana: ela é conhecida mediante cerca de 50 manuscritos, datados a partir do século VIII. Foi preparada em 616 d.C.
• Latina:
Existem duas versões latinas: a Antiga Latina, englobando as traduções feitas até o século IV, e a Vulgata Latina, preparada por Jerônimo entre 383 e 405 d.C. Evidências indicam que as versões latinas começaram a surgir no século II. Até hoje foram catalogados cerca de 70 manuscritos da Antiga Latina - nenhum, porém, apresenta o NT completo. Eles cobrem um período que vai do século IV ao século XIII. Da Vulgata existem cerca de 10.000 manuscritos, sendo o mais antigo do século V - podendo ter sido copiado quando Jerônimo ainda vivia. O melhor manuscrito antigo da Vulgata é o Códice Amiatino, do século VIII.
- Códice Palatino: data do século V e contém os quatro evangelhos.
- Códice Fleury: data do século V. Possui uma quarta parte de Atos, porções das epístolas católicas e o Apocalipse.
- Códice Bobiense: escrito no final do século IV ou no início do século V. Apresenta sinais que indicam ter sido cópia de um manuscrito do século II. O documento consiste em 96 folhas com partes de Mateus e Marcos.
- Códice Varcelense: foi escrito no século IV. Segundo uma tradição, ele foi copiado por Eusébio, bispo de Vercelli, martirizado em 370 ou 371. Contém os evangelhos.
- Códice Veronense: data do século V e contém os quatro evangelhos.
- Códice Beza: foi escrito no século V e contém os evangelhos e Atos.
• Copta:
As traduções do Novo Testamento para o copta começaram no século III.
- Copta Saídica: é conhecida através de manuscritos completos e fragmentos datados do século IV em diante, compreendendo quase todo o NT. A tradução data do início do século III.
- Copta Boaírica: tal tradução foi feita no século IV e é testemunhada por cerca de 100 manuscritos, sendo um do próprio século IV.
- Copta Fiúmica: há poucos manuscritos dessa versão e um dos mais antigos data do século IV, contendo João 6:11 a 15:11.
- Copta Acmímica: um dos mais antigos dessa versão é datado entre 350 e 375 d.C., contendo o evangelho de João.
Outras versões:
Há diversas outras versões antigas do NT, como a Gótica, a Armênia, a Etíope, a Geórgica, a Nubiana, a Arábica e a Eslava. A maioria dessas versões não foi traduzida do grego, com exceção da Gótica, do século IV.
• Citações patrísticas:
O Novo Testamento também foi preservado nas diversas citações dos Pais da Igreja, feitas em seus sermões, comentários, cartas e outros trabalhos. A maior parte delas está entre os séculos IV e V. É possível reconstruir praticamente todo o Novo Testamento só com essas citações - só com Orígenes isso quase é possível. Justino Mártir citou o NT 387 vezes; Irineu, 1.819 vezes; Clemente de Alexandria, 2.406 vezes; e Orígenes, 17.922 vezes. Alguns dos Pais da Igreja (e inimigos dela) mais importantes para a Crítica Textual são:
- Agostinho (354-430);
- Ambrósio (337-397);
- Atanásio (295-373);
- Basílio (330-379);
- Cipriano (200-258);
- Cirilo (370-444);
- Cirilo (315-386);
- Clemente (155-215);
- Eusébio (265-339);
- Gregório (330-394);
- Hipólito (170-235);
- Irineu (140-202);
- Jerônimo (340-420);
- João (345-407);
- Justino (100-165);
- Marcião (90-160);
- Orígenes (185-254);
- Taciano (110-172);
- Teodoro (350-428);
- Tertuliano (150-220).
*Site com papiros e manuscritos do Novo Testamento:
http://www.csntm.org/manuscript
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Conclusão:
Diante dessa fartura de documentos, considerando a sua antiguidade, a qualidade de muitos, a abrangência de alguns e a quantidade, somando isso às versões e às citações patrísticas, fica difícil sustentar a ideia de que perdemos completamente a redação conforme nos foi deixada pelos apóstolos e evangelistas. O texto dos autógrafos está preservado nesses manuscritos e é possível identificá-lo com grande grau de segurança através de comparações e outros métodos da Crítica Textual. Com base em coisas assim, é que hoje se pode desferir uma declaração tão poderosa quanto a seguinte:
"Assim, depois dos quase 500 anos do texto impresso e das mais de mil edições já surgidas desde Erasmo, além das centenas de outros estudos técnicos, a crítica textual do NT chegou a um estágio tal de desenvolvimento que a concordância entre os estudiosos quanto ao texto crítico moderno é espantosamente grande, ao passo que ao número de variantes ainda contestadas é por demais reduzido. E, mesmo que uma nova edição venha a divergir em alguns pormenores do texto que é hoje geralmente aceito, as descobertas e pesquisas mais recentes mostram que nosso NT grego 'deve estar muito próximo do texto primitivo dos escritos do NT, que foram introduzidos no cânon'. O Texto Recebido é um caso completamente encerrado." Tal dizer se encontra depois de um resumo da história da produção da Bíblia impressa e suas versões.

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